quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Coisas emaranhadas de poder na vida acadêmica.

Acho muito exagerado certos cultos de personalidade que vão sendo criados por grupos corporados no mundo acadêmico para exaltar figuras como se fossem deuses. A gente sabe que há profissionais no mundo acadêmico que são super brilhantes, mas que recusaram ser objeto desse tipo de adoração. Fazer igreja na academia é um tanto despropositado, não? Os grupos corporados atuando no mundo acadêmico estão exercendo um controle tão fechado sobre o conjunto de referências que são capazes ou permitem manusear na feitura de seus próprios trabalhos que vão morrer por excesso de endogenia. Os novos quadros de alguns desses grupos sequer usam referências que são históricas nas ciências sociais, pois só leem seus orientadores e os dois ou três aliados minguados que eles possuem, e olhe lá se leem isso tudo. As panelinhas em suas socialidades de evitação estão gerando uma fragmentação do saber em compartimentos estanques que não se comunicam. É por isso que celebro estar fora de centros, o desejo de centro é muito ruinoso. Premia na medida em que tolhe! Estar por fora é bem melhor. (Observação: estou escrevendo isso enquanto faço dois pareceres, daí a pontuação). Os indivíduos, produzindo no campo acadêmico, precisam parar de excluir autores pelo fato de não estarem no campo de suas simpatias pessoais ou no arco de suas alianças de poder com que buscam se apropriar do campo institucional. Passou do limite, sinceramente. Temos que saber usar os bons textos dos nossos piores desafetos. Sem essa capacidade de objetivação, o campo se desrealiza. Estou acompanhando casos em que alguém escreveu um artigo e usou uma referência, citando-a como principal, e em outro artigo, que era continuidade do primeiro, a referência caiu, foi suprimida. Fui atrás para saber o que tinha acontecido e alguém me diz: eles brigaram. Que ridículo!

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