sábado, 30 de novembro de 2013

A questão da inteligibilidade da realidade social.

A inteligibilidade da realidade coletiva, do ponto de vista sociológico, está em função dos modos de compreensão com que os atores sociais resistem ao caráter sem fim e sem sentido do real. Quando os atores sociais imprimem inteligibilidade à realidade social, os esquemas de percepção, as formas de imaginação, os recursos de memória, as maneiras de pensar e os meios simbólicos empregados operam numa zona de opacidade onde linguagem e mundo social não se distinguem com nitidez, uma vez que a linguagem é uma função de elaboração do domínio de realidade. Todavia, os usos da linguagem para a construção de um sistema de delimitação do que seja a realidade social estão em função do campo das relações de forças reais. E o que é o real que atua nestas forças em um campo? É o devir, é o fluxo de impulsos, crenças e desejos, é aquilo que sempre escapa às tentativas de imposição de fixidez e põe a fantasia de duração dos atores sociais em questão. A realidade social é confusão. O mundo social funciona como resistência à confusão. Controlar a confusão traz ganhos de inteligibilidade, mas também engessamento do fluxo. Dispersar as formas de controle da confusão traz abertura para novas práticas, mas também risco de morte, desterritorialização absoluta. (nota de estudo, enquanto relia o famoso texto do Winch, eu o tinha lido pela primeira vez em 1995, foi bom retornar).

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