terça-feira, 20 de agosto de 2013

A topologia do corpo

O corpo, portanto, como propõe Foucault, é uma 'topia implacável'. É o contrário de uma utopia. Uma pele que recobre o corpo como uma grade através da qual se fala, se realiza a mútua percepção até a morte. Estamos condenados ao corpo, destinados a apodrecer nele. Se a utopia é o lugar fora do lugar, a utopia é o lugar onde não há corpo, esta topia, este lugar absoluto. A utopia nos lança no universo daquilo que é incorpóreo. Destas utopias que incitam ou que aniquilam, a mitológica da alma que habita o corpo se realiza como um pensamento mágico que performa o psiquismo humano. E na relação constituinte do par corpo e alma, o corpo volta-se contra as utopias e se refaz na dimensão do aberto e fechado, do penetrável e do opaco, um jogo de visibilidades e invisibilidades se instaura entre a presença e o abismo de um corpo. Um corpo de fantasia passa a habitar na invisibilidade profunda o corpo tópico que me rodeia no invólucro diante do outro. E assim, do lugar absoluto do corpo, da topia corporal, emerge o corpo como ator utópico de si mesmo. O corpo que se comunica com a invisibilidade dos corpos, com os fantasmas dos corpos, um corpo que se faz corpo como fragmento de um espaço imaginário. (cf. Foucault).

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