quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A descoberta da pólvora não existe sem a produção dos colegas que descobriram primeiro.

No ano passado, no encontro da ANPOCS, um colega mais experiente do que eu e também amigo, o Eduardo Paes Machado, professor da UFBA, foi assistir à minha apresentação no GT Sociologia e Antropologia da Moral. No aeroporto de Guarulhos, voltando da ANPOCS, ele me chamou para uma coversa. Pediu licença para me fazer uma crítica, um ato para lá de generoso, na verdade. Disse-me que minhas pesquisas eram interessantes, mas que, quando eu fazia comunicações, dava a impressão que eu estava a descobrir a pólvora, quando, na verdade, para cada problema que eu apresentava como uma descoberta, era possível encontrar ampla literatura acadêmica internacional. Recomendou-me buscar usar mais o Portal de Periódicos da CAPES e me atualizar com a referida literatura. Levei muito a sério a orientação e já estou colhendo os primeiros frutos. Vou dar um exemplo. No paper que apresentei na ANPOCS, esse mesmo que Eduardo assistiu, e que foi debatido pelo Luiz Antonio Machado da Silva que também foi para lá de generoso em suas considerações, eu faço uma análise, recorrendo a Schutz e Deleuze ao mesmo tempo, essa mistura inusitada, para pensar como um eu (um ator social enquanto um eu, pensando como um eu) pensa-se como centro das relações sociais (Schutz) e como centro de poder (Deleuze). A revisão do artigo estava um pouco estagnada, quando encontro três artigos (de um americano, de um japonês e de uma alemã) que, mais experientes do que eu, já tinham feito descoberta semelhante e desenvolvido com muito mais competência do que eu estava a realizar. Resultado: estou incorporando os três artigos ao meu próprio artigo, o que reforçou demais o núcleo da minha argumentação e assim estou me sentindo mais seguro para submeter o texto a uma revista acadêmica. Só tenho a agradecer à dica amiga do competente amigo Eduardo, às orientações do Machado e dos colegas presentes no debate da ANPOCS e aos colegas que produziram antes de mim e bem melhor do que eu mesmo que estou nas tentativas para ver se aprendo a trabalhar direito (com qualidade, consistência e dialogando com produção existente). E esse texto vai ser reescrito e virar uma nota de rodapé do dito artigo. Compartilho aqui com meus orientandos por motivos francamente didáticos, pedagógicos.

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