domingo, 3 de fevereiro de 2013

Desterritorializar a correspondência entre cultura, povo e território.

O problema da antropologia foi partir de um pressuposto segundo o qual há uma correspondência entre o objeto de estudo, a cultura, e as comunidades territoriais onde os estudos são desenvolvidos. Como se uma cultura fosse uma propriedade de um território estabilizado. Contemporaneamente, sabemos que o locus não é o objeto (cf. Geertz). Nem mesmo o povo do lugar é nosso objeto, mas os problemas que elaboramos através das tramas conceituais que desenhamos para conhecermos as realidades coletivas (cf. Viveiros de Castro). Todavia, precisamos ter consciência e tirar conseqüências metodológicas daquilo que a colega Cristina Patriota chamou de sonho de aldeia, quando pesquisamos nas cidades, usando os métodos consagrados do trabalho de campo antropológico. A autora toma como referência o seu estudo sobre condomínios horizontais na cidade de Goiânia que traz novas situações e interessantes problemas etnográficos para a discussão sobre pesquisas em meios urbanos. Um dos objetivos específicos metodológicos da minha tese, Guerra, mundão e consideração, que estou revisando para publicação e de onde tirei essa nota que lá é uma nota de rodapé, é, portanto, sob provocação de Marcio Goldman “refletir sobre a possibilidade de manter o ponto de vista antropológico tradicional, quando o objeto observado parte do coração da sociedade do observador”.

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